Saiba quem foi Francisco Vieira Servas

Saiba quem foi Francisco Vieira Servas

O Brasil é um país miscigenado, que acolheu povos vindos de diferentes regiões e, exatamente por isso, tem uma riqueza cultural enorme. Muitas vezes ficamos intrigados e curiosos para saber como aconteceu a chegada dos imigrantes aqui e de onde vieram. Entre os vários que chegaram, Francisco Vieira Servas diria: “sou português”.

Quem se propõe a embarcar nessa viagem, de conhecer trajetórias, de saber quem eram e como as pessoas se expressavam em cada época, faz descobertas interessantes sobre si mesmo e compreende importantes questões que vivemos hoje.

O Estado de Minas Gerais, e especialmente a região do Circuito do Ouro, é um prato cheio para quem está procurando entrar em contato com a cultura, a natureza e a gastronomia regional. Foi em Minas, na cidade de Catas Altas, que o artista português, Francisco Vieira Servas, chegou por volta de 1752. Ele veio ao Brasil fazer aquilo que aprendeu com seus familiares em Guimarães, Portugal: o dom de esculpir e entalhar.

Ele não teve seu nome muito reconhecido, nem ficou muito famoso. É uma pena, não é mesmo? Porque Francisco deixou registrado, por meio de sua arte de altíssima qualidade e técnica, contornos de um período marcado pela religião, além de ter participado de movimentos artísticos relevantes, como o barroco mineiro.

A parte boa é que, mesmo que ele não tenha tido o destaque merecido, hoje podemos apreciar seus trabalhos e divulgá-los. Vamos juntar tudo num pacote só! O que acha? Diversão e história.

Para isso, você precisa saber quem foi e o que fez esse grande artista. Vamos te contar. Continue lendo.

Conheça o homem, Francisco Vieira Servas

Francisco nasceu em 1720, na Freguesia de Sam Paio de Eira Vedra, Concelho de Vieira, Comarca de Guimarães, Arcebispado de Braga, Portugal.

Pesquisadores que tiveram acesso a sua certidão de batismo encontraram referência ao seu padrinho, Francisco Vieira da Torre, que também era entalhador e foi autor, assim como Servas, principalmente de retábulos e altares. Encontraram, também, indícios de que ele era alfabetizado, possuía uma vida financeira estável e boas relações.

Faleceu em Minas Gerais, no ano de 1811, aos 91 anos. Em seu testamento declarou não ter filhos como herdeiros, nem pais vivos. Entretanto, uma mulher, chamada Juliana Maria d’Assumpção, apareceu como alguém com quem ele dividia terras e, portanto, acredita-se que viviam juntos. No documento, ainda aparecem como herdeiros: seu sócio e sobrinho.

As características que definiam seu estilo, quando chegou ao país, eram predominantemente barrocas: contraste de luz, sombra, efeitos ilusionistas e exploração do emocional. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, com mais visibilidade, dominou esses mesmos movimentos e momentos estilísticos.

Com algumas influências de colegas artistas, as obras de Servas foram se aproximando da leveza e das cores menos vibrantes vindas do rococó, um desdobramento do barroco.

Ainda sobre as preciosidades de Servas, uma dica útil para lembrar-se durante as visitas, é que os anjos e querubins estão presentes no acervo e chamam muita atenção pela perfeição, delicadeza das curvas, pinturas, cores e iluminação.

Consta que, como era comum naquele tempo, os artistas participavam de obras em grupo e recebiam convites para executá-las em diferentes cidades. Por isso, é possível encontrar artes assinadas por Francisco Vieira Servas espalhadas por todo o Circuito do Ouro. Uma de suas marcas registradas, que ficou bem conhecida, foi o coroamento dos retábulos.

No século XVIII, entre as décadas de 50 e 60, Minas Gerais foi palco de uma forte produção artística. Essas expressões traduzem o povo de uma época, seus costumes, suas lutas e suas vitórias, que reverberam até aqui.

Conheça as cidades onde estão as obras

Para visitar todo esse deslumbrante cenário de perto, não são necessários muitos dias. Em uma viagem curta, num feriado, é possível, além de admirar as obras, aproveitar muitos pontos turísticos que são românticos e acabam tornando a experiência inesquecível.

Várias cidades próximas a Belo Horizonte, no máximo 200 km de distância e de fácil acesso, integram o Circuito do Ouro e seus 4 roteiros.

Destacamos as principais obras para visita, que estão em cidades turísticas e oferecem pacote completo: diversão, gastronomia e descanso. Veja:

Igreja Matriz de São José da Lagoa (a partir de 1750):

Esta igreja possui uma das obras mais representativas do artista. Vieira Servas foi responsável pelo seu altar mor (foto) que abriga atualmente o padroeiro da cidade: São José da Lagoa.

A igrejinha está localizada na cidade de Nova Era, no roteiro Entre Ruralidades e Personalidades, onde entalhador português tornou-se figura importante atraindo muitos turistas, inclusive de sua terra natal.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição (a partir de 1750):

Na cidade de Catas Altas, região mineradora, acredita-se que a participação na decoração interna da igreja tenha sido um dos primeiros trabalhos de Francisco Vieira Servas.

Entalhar e esculpir retábulos e altares foram suas maiores e mais marcantes produções. Se você pretende ir até Catas Altas, que está entre das cidades do Roteiro Entre Serras , é bom saber que a região oferece, para aqueles que gostam, atrações de aventura, que mesclam água, terra e ruralidades.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (1770 – 1775):

Servas criou, nessa igreja de Mariana, o altar-mor e dois laterais, nos quais estão presentes os traços mais peculiares de Francisco Vieira Servas: variação da anatomia e fisionomia das estátuas e de elementos decorativos.

Inclua na programação: Mariana tem boas opções para quem gosta de experimentar as comidas locais. Preparado para se deliciar com a famosa culinária mineira? Mariana está no Roteiro Cenários da História, para os apaixonados por arte, cultura e natureza.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo (1777 – 1779):

Mais um retábulo elaborado por Servas na capela-mor e mais um altar, o de Santo Elias, que, nesse caso, foi minuciosamente entalhado. A igreja está localizada na cidade de Sabará, que faz parte do Roteiro Entre Trilhas, Sabores e Aromas. Degustação de cachaças e tomar um banho de cachoeira são programas indispensáveis para quem passa por lá.

Quem visita essas cidades e igrejas entra em contato com a arquitetura e com particularidades do local, e acaba se identificando com um passado valioso, carregado de bagagem cultural e que, de alguma forma, contribuiu para a formação cultural dos brasileiros.

Agora você sabe quem foi Francisco Vieira Servas, conhece suas obras e em quais cidades elas estão e entende o quão fundamental é nos apropriarmos de nossa história. Não deixe de passear por esses destinos riquíssimos, que oferecem muito lazer e estão tão próximos! Basta aproveitar um feriado para viajar.

Gostou das informações? Assine nossa newsletter e receba vários outros posts sobre as vantagens de se viajar pelo Circuito do Ouro!

Receba tudo no seu email! Prometemos não enviar spam!

Confira também

Um comentário para “Saiba quem foi Francisco Vieira Servas”

  1. MARCO ANTONIO GOMES disse:

    A História do imaginário Mestre Piranga, que surgiu com o desmanche brutal da antiga Matriz de N.Sra da Conceição de Guarapiranga, erguida e inaugurada em 1694/08.12.1695, e derrubada em 1965/66, deveria começar com a presença desse Mestre no Vale do Piranga, juntamente com o Mestre AROUCA, e uma semelhança de suas obras no País de Guarapiranga….porém, Piranga, continua sendo Terras Probidas, enão avançam neste sentido….e o Elo Perdido continua na História das Minas Gerais…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

esqueci minha senha