3 poemas de Drummond que remetem a Minas Gerais
Você já ouviu falar em Carlos Drummond de Andrade? Este é um nome que, em algum momento, já deve ter passado por você. E não é à toa: Drummond foi um dos maiores e mais influentes poetas brasileiros, com uma obra extensa e largamente estudada — até mesmo no exterior. Além disso, o autor era um exímio cronista e contista.
Mas os seus feitos vão além disso. Nascido em Itabira, Carlos escreveu uma série de poemas que remetem ao local e marcaram verdadeiramente a cidade. É por isso que existem os “Caminhos Drummondianos” — que podem ser o próximo destino do seu roteiro de viagem em Minas Gerais!
Quer entender mais sobre esses tais caminhos e conhecer alguns poemas de Drummond que remetem ao estado? Então continue nos acompanhando!
O que são os Caminhos Drummondianos?
Os Caminhos Drummondianos são algumas placas em forma de poemas de Drummond localizadas em lugares que ele cita em sua obra. Por ter nascido em Itabira, é muito comum que sua casa e alguns pontos turísticos fossem parte de sua escrita. Um exemplo é a Fazenda do Pontal, local em que Carlos passou sua infância, e um dos destaques dos caminhos — ao todo, existem 44 placas.
Este pode ser um excelente roteiro para conhecer melhor a cidade. Além disso, você se sentirá parte da jornada de um dos grandes nomes do modernismo brasileiro.
Quais poemas de Drummond remetem a Minas Gerais?
1. Ausência
“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.”
“Ausência” não fala sobre Itabira especificamente. Na verdade, a cidade participa dele como um plano de fundo. Isso porque o poema foi escrito no local onde hoje é o Memorial Carlos Drummond de Andrade, criado pelo amigo pessoal do autor, Oscar Niemeyer.
O ponto turístico se localiza em um dos picos mais altos do local, onde é possível enxergar Itabira toda. Talvez seja por isso que Drummond narra, neste poema, o sentimento de vazio e solidão. Acompanhar “Ausência” sentado em um banco do memorial é uma grande experiência que pode render fotos incríveis!
2. Fruta-Furto
“Jabuticaba chupa-se no pé.
O fruto exaure-se no ato de furtar.
Consciência mais leve do que asa
ao descer.
Volto de mãos vazias para casa”.
“Fruta-Furto” está em uma placa localizada na frente da Escola Municipal Coronel José Batista — ou Grupo Escolar Carvalho de Brito, na época em que o modernista estudava por lá, em sua infância. O poema, de forma simples e honesta, mostra uma das conexões de Drummond com a sua cidade.
O pequeno Carlos costumava roubar jabuticabas atrás da escola. Foi dessa forma que ele passou grande parte de sua infância e, principalmente, fez amigos. Vale a pena conferir o local!
3. O Maior Trem do Mundo
“O maior trem do mundo
Puxado por cinco locomotivas a óleo diesel
Engatadas geminadas desembestadas
Leva meu tempo, minha infância, minha vida
Triturada em 163 vagões de minério e destruição
O maior trem do mundo
Transporta a coisa mínima do mundo
Meu coração itabirano”
“O Maior Trem do Mundo” é, claramente, uma analogia à passagem do tempo, misturando-a com a locomotiva de Itabira. Sua placa, inclusive, localiza-se logo na frente de um dos trilhos da cidade.
Este é um dos poemas de Drummond que mais revela o seu coração itabirano. Em sua leitura, é possível observar a angústia do autor por ver o trem não levar apenas o minério, mas também as suas memórias deixadas na própria terra da cidade. Muitos dizem que, coincidentemente, este poema pode ser relacionado à tragédia da cidade de Mariana.
Por ser muito ligado à sua cidade, Drummond escreveu diversos outros poemas que citam Itabira de forma direta. Além dos citados, “Lira Itabirana” e “Confidência do Itabirano”, por exemplo, são outros dois também muito conhecidos.
Não se esqueça de que Itabira faz parte do roteiro Entre Ruralidades e Personalidades. Vale a pena conferir algumas informações sobre a cidade de Nova Era, que também compõe o trajeto!
E você, já leu alguns dos poemas de Drummond que falam sobre essa cidade do interior de Minas Gerais? E sobre outros locais do estado? Conte para a gente nos comentários!
Muito bom saber sobre Drummond. Muito ruim saber que Minas não é mais a Minas de Drummond. Não há como deter o “progresso”. Nada mais é como queriam os poetas. Nem eu, que queria ser poeta.
Muito bom saber sobre Drummond. Muito ruim saber que a Minas de Drummond já não existe mais. É o preço que se paga pelo “progresso”. Talvez Drummond tenha chorado sua Itabira deformada, seus morros arrasados, suas matas derrubadas, transformadas em carvão…. Talvez. Poemas são lágrimas?