Conheça a história de Carlos Drummond de Andrade
Em 31 de Outubro de 1902, no município mineiro de Itabira, nasceu Carlos Drummond de Andrade. Nono filho entre os catorze que nasceram da união dos primos Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond, o menino cresceu instigado pelas novidades do pai, que, na época, era visto como moderno.
Havia sido o primeiro a asfaltar a calçada de casa usando cimento, além de ser o primeiro morador da cidade a instalar uma banheira em casa — e amparado pela cautela da mãe, que havia tido a educação clássica daquele período: costura, música, francês e catolicismo.
Mistura perfeita das características de seus pais, Carlos Drummond de Andrade tornou-se um dos maiores poetas da história da literatura brasileira. Conheça, a partir de agora, um pouco de sua vida.
O interesse pela literatura surge na infância
Sua primeira leitura foi aos dez anos de idade, com uma versão adaptada para crianças do clássico As Aventuras de Robinson Crusoé. O interesse pela leitura fez com que ele ganhasse dos pais a Biblioteca Internacional de Obras Célebres, um compilado de filosofia e literatura dividido em 24 volumes. O pequeno Carlos gostou tanto que não quis dividir com ninguém, mesmo sob os protestos de seus irmãos.
O ingresso no Grêmio Dramático e Literário Artur de Azevedo
Por influência de seu pai, na época um dos líderes políticos de Itabira, Carlos Drummond de Andrade ingressou, aos treze anos, no Grêmio Dramático e Literário Artur de Azevedo. O estatuto foi alterado especialmente para sua admissão: antes dele, somente rapazes acima de dezoito anos podiam se associar.
Um ano depois, em 1916, Drummond foi morar na capital, Belo Horizonte, onde passou a ser um dos 74 internos do Colégio Arnaldo. Essa fase, porém, durou apenas quatro meses. Doente, Drummond precisou voltar para casa, em Itabira, onde permaneceu mais um ano e meio. Impossibilitado de fazer suas atividades rotineiras, aproveitou para retomar a leitura e se dedicou à obra de Gustave Flaubert.
O retorno para Belo Horizonte
No ano de 1920, a família de Carlos Drummond de Andrade se muda para Belo Horizonte. Drummond, que estava passando uma temporada no Rio de Janeiro, volta para a capital mineira e consegue publicar sua primeira crítica, no Jornal de Minas. Foi graças a essa crítica e a outras matérias e crônicas escritas para jornais com baixa circulação que ele conseguiu um emprego no Diário de Minas, onde permaneceu por dez anos.
Drummond também lançou, como forma de impulsionar sua carreira, A Revista — publicação similar à revista Klaxon, que circulava entre os modernistas de São Paulo. Com apenas três edições, A Revista contou com algumas participações muito importantes, como a de Mário de Andrade e a de Manuel Bandeira. Mais tarde, promovido a redator-chefe do Diário de Minas, transformou a redação do periódico no ponto de encontro dos modernistas de Minas Gerais.
Em 1930, publicou o seu primeiro livro: Alguma Poesia. O livro tratou de temas como o sentimento de desajuste que cada indivíduo tem em relação ao mundo. No ano seguinte, em 1931, integrou o gabinete do secretário de Interior e Justiça de Minas Gerais, seu amigo e colega de Colégio Arnaldo, Gustavo Capanema. E, três anos mais tarde, foi chefe de gabinete de Capanema enquanto ministro da Educação e Saúde do país, na então capital Rio de Janeiro.
A ida ao Rio de Janeiro e a publicação dos novos livros
No Rio de Janeiro, Drummond escreveu novos poemas e viu nascer seus próximos livros: Sentimento do Mundo (1940) e A Rosa do Povo (1945). Nessa nova fase de sua vida, e diante das situações causadas durante a Segunda Guerra Mundial, Drummond passou a se interessar pelo comunismo, chegando a pedir demissão do Ministério da Educação por se opor ao governo Vargas.
Nesse período, Drummond se relacionou com o Partido Comunista, mas por pouco tempo, pois logo percebeu a influência que o partido tinha sobre a sua liberdade individual e, até mesmo, sobre as pautas dos jornais de esquerda onde trabalhou durante este período.
Tempos depois, voltou ao funcionalismo público, atuando como chefe da Seção de História da Divisão de Estudos e Tombamentos do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Lá, trabalhou até se aposentar, em 1962.
A chegada da maturidade
A maturidade de Carlos Drummond de Andrade transparece em sua produção literária nos temas metafísicos que passam a ser abordados em seus livros, como em Claro Enigma (1952) e Fazendeiro do Ar (1954).
Em Lições de Coisas (1962), Drummond retoma o foco em cima dos acontecimentos cotidianos. O que vem a seguir, é uma volta ao passado, onde Drummond inicia um movimento mais íntimo e publica Boitempo (1968), Menino Antigo (1973) e Esquecer para Lembrar (1979).
Em seus 84 anos de vida, Drummond conviveu com uma boa parte dos grandes artistas do século passado — além de se tornar um deles. Dedicado à família, principalmente sua esposa Dolores e a filha, Maria Julieta, Drummond faleceu em 17 de agosto de 1987. Ele foi vítima de insuficiência respiratória provocada por um infarto.
Conheça de perto a história de Drummond
Na cidade de Itabira, você pode conhecer mais sobre a história do escritor visitando por exemplo a Casa de Drummond, o Memorial em sua homenagem ou pontos importantes de seus contos e poesias. O Museu de Território Caminhos Drummondianos é uma das atrações interessantes para conhecer o artista e sua cidade natal. Esse museu a céu aberto é formado por várias placas distribuídas pela cidade, ilustrando os fatos, locais e personalidades que fizeram parte da vida do poeta mineiro.
As placas possuem poemas, e são encontradas nos locais que Carlos Drummond de Andrade cita em suas obras. Isso nos permite respirar sua história, in loco, conhecendo mais sobre um dos maiores poetas de todos os tempos, suas inspirações e inquietações.
A cidade faz parte do roteiro turístico “Entre Ruralidades e Personalidades”, formado por Itabira e Nova Era. Por ele é possível conhecer mais sobre Drummond e outras personalidades importantes.
Visite a cidade de Itabira e saiba mais sobre a história de Carlos Drummond de Andrade. Aproveite e deixe o seu comentário, nos dizendo qual é a relação do grande poeta com o seu prazer de ler.