Religiosidade: conheça os padroeiros dos municípios do roteiro Entre Serras!
Quem teve a oportunidade de passear pelas históricas cidades mineiras percebeu o quanto a religiosidade está presente em cada uma delas — seja na arquitetura das centenárias igrejas, seja nos variados festejos populares, seja na fé de seu povo. Se você ainda não conhece, acompanhe conosco um pouco da história de padroeiros de quatro das cidades do roteiro Entre Serras e conheça mais sobre o passado que ainda se mostra tão presente entre as montanhas de Minas.
A religiosidade no roteiro Entre Serras
Os municípios que compõem o roteiro Entre Serras da Piedade ao Caraça compartilham, além diversos aspectos da chamada mineiridade, a devoção a seus respectivos padroeiros, dignos de templos de imenso valor cultural, religioso e histórico, e de celebrações marcantes, com festas que movimentam toda a região. No mês de junho, por exemplo, é celebrado o dia de Santo Antônio – Padroeiro de Santa Bárbara e São João – Padroeiro de Barão de Cocais.
Os padroeiros dos municípios
Nossa Senhora do Bom Sucesso, padroeira de Caeté
Situada a poucos quilômetros de Belo Horizonte, Caeté reúne tudo aquilo que Minas tem de melhor a oferecer. A cidade tem como padroeira Nossa Senhora do Bom Sucesso.
Nossa Senhora é uma das maneiras pelas quais é chamada Maria, ou Virgem Maria, a mãe de Jesus Cristo. Sua denominação costuma vir acompanhada de complementos que determinam sua origem ou origem de sua devoção.
Sobre a origem do termo “do Bom Sucesso”, ainda existem algumas dúvidas históricas. A versão mais famosa diz que ele surgiu em Lisboa, Portugal, em algum momento entre os séculos XVI e XVII, por, pelo menos, 3 distintos caminhos.
O primeiro conta que uma condessa portuguesa, de nome Eyria de Brito, teria recebido a imagem de Nossa Senhora de um peregrino e a nomeado como “Nossa Senhora da Conceição”.
Passado algum tempo, Eyria, já viúva, fundou um convento para abrigar religiosas dominicanas. A imagem que havia recebido do peregrino foi levada para lá, onde recebeu das religiosas o complemento de uma pequena imagem do Menino Jesus, colocada em seus braços. Naquele momento passou a ser invocada como “Nossa Senhora do Bonsucesso”.
Outra versão ligeiramente diferente nos conta que o padre Daniel O’Daly, de origem irlandesa, teria fundado o Colégio do Bom Sucesso, em Lisboa, no ano de 1639. Nesse espaço, o padre abrigava religiosas dominicanas, de origem irlandesa, que sofriam perseguições. O espaço em que o Colégio foi construído foi doação de, vejam só, Eyria de Brito, nossa condessa viúva da primeira versão!
A terceira versão é a que mais difere das iniciais. Durante a construção de uma sacristia na igreja do Hospital Real de Todos os Santos, em Lisboa, no distante ano de 1656, teria sido encontrada, no vão de uma parede, a imagem de Nossa Senhora. Por algum motivo ainda desconhecido, foi nomeada de Nossa Senhora do Bonsucesso.
No Brasil sua devoção teria começado pelo Rio de Janeiro, quando o Hospital da Santa Casa recebeu uma imagem vinda diretamente de Portugal, trazida por um padre. Em São Paulo, a devoção à Nossa Senhora do Bonsucesso teria sido iniciada pelos jesuítas. Após sua devoção se espalhar pelo interior do estado, teria chegado a Minas justamente pelas mãos dos bandeirantes paulistas. Entre eles estava o Padre Faria que, ao organizar uma bandeira para a região da Serra do Itacolomi, carregou consigo uma imagem, tendo sido o responsável, também, por erguer uma capela em seu louvor, onde hoje se encontra Ouro Preto.
Seguindo as trilhas das bandeiras, a devoção se espalhou também por outras localidades de Minas, chegando até Caeté, onde a virgem foi convertida em padroeira. Desde então, todo dia 15 de agosto a cidade festeja Nossa Senhora do Bonsucesso.
São João Batista, padroeiro de Barão de Cocais
Vizinha a Caeté e localizada a 93 quilômetros de Belo Horizonte, Barão de Cocais foi fundada por bandeirantes paulistas e portugueses que circulavam pela região. O arraial que daria origem à cidade foi nomeado de São João do Presídio do Morro Grande, deixando clara a relação estreita entre a cidade e aquele que viria a ser seu padroeiro.
João era filho de um sacerdote de nome Zacarias e de uma mulher, chamada Isabel. Tornou-se pregador judeu, no início do Século I, tendo circulado por parte da região hoje conhecida como Oriente Médio.
Em suas pregações, João estimulava hábitos como os da penitência e conduzia rituais, como o do batismo, que inovava a cerimônia já existente na época ao permitir a conversão dos gentios em judeus. Pela condução dos batismos, João passou a ser chamado “batista”. A partir daí, João Batista seria a maneira como passaria a ser conhecido em vida e pela história.
A mãe de João Batista, Isabel, era prima de Maria, mãe de Jesus, o que faz de João e Jesus, primos. A presença de um na vida do outro é marcante e largamente abordada pela Bíblia. Foi João o responsável pelo batismo de Jesus, nas águas do Rio Jordão, sendo considerado pelos cristãos como o anunciador do messias.
A importância de João para os cristãos fica clara quando observamos que entre todos os santos existentes, ele é o único cujas datas de nascimento (24 de junho) e morte (29 de agosto) são objeto de solenidade.
Barão de Cocais homenageia seu padroeiro com a Igreja Matriz São João Batista do Morro, cuja construção teve início em 1764, pelas mãos de Aleijadinho, responsável por esculpir inclusive a imagem do santo em sua porta de entrada. O teto recebeu, ainda, pintura do mestre Ataíde, fazendo do conjunto um patrimônio histórico e artístico de valor imensurável.
Santo Antônio, padroeiro de Santa Bárbara
Quando pensamos em Santa Bárbara, a conhecida cidade do mel, a 105 quilômetros de Belo Horizonte, de imediato imaginamos que seja a própria santa a padroeira do lugar. Não poderíamos estar mais errados! Curiosamente, quem abençoa a cidade do interior mineiro é Santo Antônio. A explicação para essa situação pode ser encontrada na origem do local. Santa Bárbara nasceu de um arraial nominado Santo Antônio do Ribeirão Santa Bárbara.
Antônio foi um doutor da igreja que iniciou sua carreira como frade em Lisboa. Anos depois se tornou franciscano e percorreu parte da Europa. Chegou a ser convidado pelo próprio (São) Francisco para compor sua ordem, em Assis. Seu grande conhecimento e sabedoria o levaram a se tornar professor em universidades italianas e francesas.
Falecido na Itália, foi rapidamente considerado milagroso, o que resultou em sua canonização poucos anos depois. Extremamente popular, hoje Santo Antônio é considerado padroeiro de cerca de 20 categorias, indo dos amputados à fama de santo casamenteiro.
Dono de grande devoção, Santo Antônio é festejado por fiéis em vários lugares do mundo. No Brasil, é um dos santos honrados nas chamadas festas juninas, assim como São Pedro e São João.
Padroeiro de uma série de cidades mineiras, como Juiz de Fora e Curvelo, é em Santa Bárbara que o santo recebe uma de suas festas mais famosas. Realizada tradicionalmente em outubro, a Festa de São Geraldo e Santo Antônio reúne um grande público que acompanha missas, celebrações, procissões, apresentação da Corporação Musical Santo Antônio, além de uma cavalhada feminina.
Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Catas Altas
A 121 quilômetros de Belo Horizonte, o antigo distrito da vizinha Santa Bárbara surgiu como Freguesia Nossa Senhora da Conceição das Catas Altas, tendo a virgem como padroeira.
A variação “Conceição” que Nossa Senhora carrega refere-se ao termo concepção, referente à Virgem Maria, que teria vivido uma vida totalmente livre do pecado.
Em 1476, o Papa Sisto IV determinou que o dia 8 de dezembro seria a data universal para a celebração da Virgem. Em várias partes do mundo, esse também é o dia escolhido para montar a árvore de Natal e enfeitar a casa, iniciando os preparativos para a celebração do nascimento de Jesus.
Padroeira de Portugal e de todos os povos de língua portuguesa, Nossa Senhora da Conceição também é padroeira de cidades brasileiras, entre as quais está Catas Altas. A cidade mineira presenteia seus visitantes com uma das mais belas matrizes em louvor à Conceição. Erguida em 1729 e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a matriz reúne obras de Aleijadinho, Mestre Ataíde e Francisco Vieira Servas.
Agora que você conhece um pouco mais sobre os caminhos da fé das cidades do Circuito Entre Serras, que tal ver mais de perto toda essa história, participando da promoção Mapa de Figurinhas?